Depois do período extrativista, o
Brasil passou a ser um país essencialmente agrário. Essa situação, porém,
inverteu-se principalmente depois do ciclo do café, quando as indústrias
começaram a se instalar no Sudeste, formando regiões metropolitanas. Então o
êxodo rural se intensificou, e a figura do sertanejo, ou caipira, ganhou traços
caricaturais.
Para o habitante da cidade, a
pessoa que vive no sertão, é geralmente, rude, inculta e avessa à vida moderna.
Essa imagem tomou força com o sertanejo - O jeca Tatu - descrito no conto
Urupês, publicado no livro homônimo, de Monteiro Lobato.
O Jeca Tatu e o caboclo do vale
do Paraíba, de barba rala, que vive descalço, com os pés cheios de bichos; fuma
cigarros de palha e usa chapéu também de palha.
Não tem ânimo para trabalhar,
"é o sombrio urupê de pau podre a modorrar silencioso no recesso das
grotas [...] funesto parasita da terra [...] inadaptável à civilização".
Essa figura do sertanejo gerou
obras no cinema e na literatura, e sua caricatura passou a ser utilizada em
anedotas e mesmo nas histórias infantis, como o personagem Chico Bento, criado
pelo quadrinista Maurício de Sousa.
Sertanejo
Há alguns anos, porém, esse
estereótipo tem sofrido uma inversão de valores. Se, antes, o sertanejo era exatamente
a figura descrita por Monteiro Lobato, atualmente a figura do caipira tem sido
valorizada. Pode-se observar esse fenômeno no sucesso conseguido pelos cantores
de música sertaneja, que cantam as belezas da zona rural e da vida na fazenda
(embora os mais modernos tenham deixado de lado os temas da vida na roça, para
se dedicar às baladas de amor).
A influência do sertão também
pode ser observada no vestuário e nos costumes da juventude.
A recente moda country, importada
dos Estados Unidos e adaptada à realidade brasileira, é sensação entre os
jovens que freqüentam, em massa, as danceterias especializadas.
Estimuladas por essa moda,
ganharam terreno as festas de rodeio, em que cavaleiros medem suas habilidades
para conseguir dominar o cavalo ou o boi bravo. Antes restritas às comunidades
rurais, as festas de rodeio se modernizaram e atraíram o público da cidade.
Atualmente, a Festa do Peão
Boiadeiro de Barretos, em São Paulo, é o maior evento do tipo na América Latina
e um dos maiores no mundo.
Fonte: www.paulinas.org.br
Dia do Sertanejo 3 de Maio
Vivendo na caatinga, um ambiente
castigado pela escassez de chuvas e aridez, o sertanejo é um bravo homem da
terra. Poucas civilizações no mundo conseguiriam alcançar o feito dessa gente
corajosa. O sertão, com seus ventos bíblicos, calmarias pesadas e noites frias,
impressiona. Cortado por veredas e árvores retorcidas em desespero, todo ele
são monótonos caminhos ressequidos. As "pueiras", lagoas mortas, de
aspecto lúgubre, são o único oásis do sertanejo.
Ele sobrevive porque é uma raça
forte. Assim como o cacto mais resistente, o sertanejo foi feito para o sertão.
Tem o pêlo, o corpo e a psicologia próprios para suportar o suplício da seca.
Conhece profundamente a flora e fauna. Como os cactos , o mandacaru e toda
natureza adaptada ao árido, o sertanejo sobrevive com muito pouco. Água é uma
dádiva que vê de vez em quando. Com todas as adversidades, ainda ama o sertão,
e dificilmente se habitua a outro lugar. Desde pequeno convive com a imagem da
morte. Sua grande vitória é chegar ao dia seguinte, comemorando o triunfo da
vontade de viver.
Origens
No sertão, a mistura de raças
deu-se mais entre brancos e índios. O jesuíta, o vaqueiro e o bandeirante foram
os primeiros habitantes brancos que migraram para a região. Deram origem aos
tipos populares que compõem o sertão: o beato, o cangaceiro e o jagunço. Todos
com um senso de tradição levado a ferro e fogo, honradez como pouco se vê hoje
em dia e incrível fervor religioso, herança dos missionários da Igreja. O
grande ícone do sertão é o conhecido Padre Cícero, beato que se tornou líder
messiânico em Juazeiro do Norte.
Sertanejo (Sertão)
Sertanejo - Quanto às mulheres sertanejas, estas são muito
diferentes das do litoral: rezadeiras, rendeiras, mocinhas ingênuas, bruxas
velhas e alcoviteiras. Mulheres de coragem e encrenqueiras.
Euclides da Cunha
Ao tentar compreender a
psicologia do sertanejo, o escritor e jornalista Euclides da Cunha, através de
sua famosa obra “Os Sertões”, fez um ensaio revelador sobre a formação do homem
brasileiro. Desmistificou o pensamento vigente entre as elites do período, de
que somente os brancos de origem européia eram legítimos representantes da
nação. Mostrou que não existe no país raça branca pura, mas uma infinidade de
combinações multirraciais. Além disso, foi o primeiro a reportar cuidadosamente
o episódio da Campanha de Canudos, um festival de massacres de homens e
mulheres que entrou para a história.
Por essas e outras, o homem do sertão é um “grande
personagem numa paisagem inóspita”, que merece toda a admiração devida por sua
luta diária pela sobrevivência.
Fonte: TV Cultura ; Editora Moderna
Euclides da Cunha
Nenhum comentário:
Postar um comentário